terça-feira, 17 de março de 2009

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR COMO FACILITADOR DO DESENVOLVIMENTO
A criança vai se tornando "graciosa" à medida que seu crescimento fisiológico se desacelera e ela adquire prática em aplicar suas habilidades sensório-motoras. À medida que as atividades lúdicas da criança se diversificam, ela usa a linguagem não apenas para identificar objetos e atividades, como também para se empenhar em diversas transformações tipo "faz-de-conta". Sua fantasia transporta-a para dentro de muitas situações e ela cria e resolve muitos problemas. Ao destacar algumas palavras-chave do parágrafo acima, como habilidades sensório-motoras, linguagem e cria e resolve problemas, pode-se verificar que o brincar é não só um facilitador, mas essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo.

Para uma criança pequena, brincar é um meio de converter poderes adormecidos em várias habilidades e perícias. A abordagem brincalhona das crianças em relação a pessoas, objetos e situações, permite-lhes testá-los sem assumir a responsabilidade pelas conseqüências. "Eu estava apenas brincando" é a desculpa freqüente da criança quando alguma coisa sai errada.

Brincar é uma modalidade-chave de aprender a respeito da natureza, bem como sobre os relacionamentos entre pessoas. Brincar também serve ao propósito de adaptação às situações frustradoras de vontades e desejos não satisfeitos. Quando uma criança brinca e tem prazer nisso, ela é completamente uma criança.

Toda a criança brinca. Ela necessita deste espaço para se desenvolver.

É brincando que os bebês descobrem como as coisas funcionam e assim começam a se relacionar com a vida, perceber os objetos e o espaço que seu corpo ocupa no mundo em que vive.

A criança simboliza. Brinca de faz-de-conta, representa papéis, “recria” situações que lhe foram agradáveis ou não. Só que quando a criança recria estas situações, faz da forma que ela suporta, não correndo riscos reais. Através do faz-de-conta, a criança traz para perto de si uma situação vivida e a adapta à sua realidade e necessidade emocional.

Nota-se também que conforme se desenvolve emocional e cognitivamente, a criança começa a incluir outras pessoas em suas brincadeiras. Ela começa a brincar com o outro e não mais ao lado do outro. É percebendo a presença do outro que começam a ser criadas e respeitadas as regras. Conviver com outra pessoa exige que se respeitem limites. O limite imposto pelo outro.

Começam aí as brincadeiras envolvendo jogos com regras, ( aproximadamente a partir dos 7 anos de idade).

Os jogos com regras exigem raciocínio, estratégia, antecipação de um resultado.
Pode-se perceber que quando a criança se mostra capaz de respeitar as regras dos jogos, seu relacionamento com outras crianças e mesmo com os adultos melhora. O contrário também pode ser verdadeiro. Muitas vezes percebemos que crianças que têm problemas de relacionamento com os colegas, pais e professores, também demonstram dificuldades em respeitar regras impostas pelos jogos.

1.1- O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Bergmann ( 1998 ) coloca que apesar de ser identificado, normalmente, com alguns comportamentos, o brincar é uma forma de linguagem. A maior parte das características desta linguagem pode ser constatada nos primeiros contatos das crianças com seus pais ou com aqueles que cuidam delas. As mães ou as pessoas responsáveis pelos cuidados dos bebês ajudam-nos a brincar, desde muito pequeninos, quando interagem com eles. Através de uma atitude e uma linguagem segura, esses adultos estabelecem com os bebês laços de confiança que possibilitam o início do brincar. Este é considerado como uma linguagem, pois permite que as crianças se comuniquem com as outras pessoas e iniciem a compreensão, desde muito cedo, de que podem suportar e representar a ausência temporária das pessoas que amam substituindo-as pelas primeiras brincadeiras.

Brincar é uma forma de atividade complexa. Sendo assim, possui uma peculiaridade: o brincar combina a ficção com a realidade, ou seja, brincando a criança trabalha com informações, dados e percepções da realidade, mas na forma de ficção.

O brincar inclui sempre a experiência de quem brinca. Desta forma, as crianças pequenas ( de dois anos a dois anos e meio ) reproduzem as ações que percebem em seu meio ( dirigir um carro, embalar uma boneca ). À medida que crescem, vão incorporando a representação que fazem da vida real, aos conhecimentos adquiridos, bem como os desejos e sentimentos. Adquirem, assim, nuanças cada vez mais complexas do próprio comportamento humano.

1.2 - O BRINCAR E A EDUCAÇÃO INFANTIL

Brincar é fonte de lazer, mas é, simultaneamente, fonte de conhecimento; é esta dupla natureza que nos leva a considerar o brincar parte integrante da atividade educativa.

Além de possibilitar o exercício daquilo que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, brincar é uma situação em que a criança constitui significados, sendo forma tanto para a assimilação dos papéis sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, como para a construção do conhecimento.

O jogo e a brincadeira são sempre situações em que a criança realiza, constrói e se apropria de conhecimentos das mais diversas ordens. Eles possibilitam, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das várias áreas do conhecimento. Neste aspecto, o brincar assume papel didático e pode ser explorado no processo educativo.

Portanto, a brincadeira e as situações de jogos são fundamentais para a vida saudável da criança e, por que não dizer, para o adulto também.

Maria de Fátima Martins Campos

Psicopedagoga

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