Qualidade de vida
O exercício pode ir além. O corpo é a base da identidade da criança. Por isso, a atividade física deve fazer parte da vida dela desde cedo. Não é necessário nada muito elaborado - brincar de correr e saltar já ajuda a iniciar a relação com o esporte e pode ser um bom remédio para problemas de comportamento ou desenvolvimento. Confira!
O esporte deixa seu filho mais:
Saudável
Você sabe que fazer exercícios é o melhor caminho para ter saúde. Ainda assim, tem dificuldade para inclui-los em sua rotina. Que tal ajudar seu filho a adquirir esse hábito desde pequeno? Nas grandes cidades, onde muitas crianças moram em apartamentos e não têm oportunidade brincar na rua em razão da violência urbana, elas podem ser estimuladas pelo esporte. Ceres Araújo, psicóloga especializada em crianças e adolescentes, afirma que a indicação é feita desde cedo. "A base do esporte é a atividade física, que deve fazer parte da vida da criança, como escovar os dentes", diz. Quando pequenos, trabalha habilidades motoras. Não vão correr para ganhar, mas pelo prazer de descobrir o que seu corpo pode fazer. A partir daí se faz a iniciação esportiva e, depois, a prática de uma modalidade. Alguns clubes, como o Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, têm iniciação esportiva. "Não formamos atletas. Nosso objetivo é movimentar a criança, apresentar os esportes e criar a vontade de praticar uma atividade", afirma a coordenadora da área, Ana Célia Osso da Costa.
Sociável
O menino tímido ou a menina com dificuldades para fazer amigos podem encontrar no esporte uma maneira para se tornar mais sociáveis. Especialmente nos coletivos, como futebol ou vôlei. É uma maneira de conhecer mais gente e, de preferência, fora da escola. O processo, entretanto, não é simples, nem rápido. Se você tem um filho assim, terá de controlar sua ansiedade para não prejudicar o trabalho. A criança deve escolher a modalidade. E os pais têm de conversar com o professor, para que ele também ajude. Primeiro, os pais levam a criança para assistir às aulas e ficar com ela lá. Depois, ela acompanha as atividades ao lado do professor e, só aos poucos, participa. O tempo que demora varia de uma criança para outra. "Temos o caso de um menino que, aos 4 anos, nem dizia o nome em voz alta. Hoje, está com 8 anos e completamente à vontade", diz Ana Célia. Ela conta que esse aluno passou por esse passo a passo e, quando se soltou, fez atividades em dupla, depois em trio, para, então, interagir com o grupo. "Ele até parou a terapia ocupacional", diz.
Seguro de si
A criança pode ter baixa auto-estima por uma série de situações. Até quando tem dificuldades na hora da alfabetização ou para aprender matemática, por exemplo. O esporte pode ser a solução ou apoiar o trabalho de terapia. Primeiro, porque vai tirá-la de uma rotina escola-aulas de reforço, que faz com que conviva, basicamente, com situações de fracasso ou frustração. Segundo, por colocá-la numa situação na qual pode se sentir bem-sucedida. Para tanto, é indispensável a escolha correta da modalidade. É preciso descobrir atividades de que ela goste e nas quais tenha boas chances de ter algum êxito. "A criança vai para o esporte se pode se sentir melhor, mais feliz. Em todas as idades, ela tem de encontrar prazer no corpo", diz Ceres. Uma maneira de fazê-la se sentir segura é pedir que mostre algo que sabe fazer. Aí, ensina aos colegas. Só então a atividade passa a ser mais dirigida. "Não dá, por exemplo, para colocar uma menina gordinha no balé. Ela ficará se vendo no espelho o tempo todo e se comparando com as coleguinhas", diz Ceres.
Responsável
Você gasta seu vocabulário tentando ensinar seu filho ou dando broncas, mas ele continua precisando de boas doses de disciplina. Não pense duas vezes: o esporte é um meio eficaz de torná-lo mais responsável. Mesmo quando a atividade física se restringe a jogos e brincadeiras ele vai aprender, porque todos têm limites que ele terá de respeitar. Além disso, a criança exercita a responsabilidade, ao lidar com as regras das brincadeiras ou do esporte, ao levar o material necessário para o exercício ou ao cuidar de suas coisas. Durante as atividades, a criança também tem de respeitar o espaço do outro e a hierarquia. José Luís Villanova, diretor de marketing da Mini Sports, escola de iniciação esportiva que trabalha em condomínios e academias, afirma que o adolescente que faz esporte corre menos risco de se envolver com drogas. "Se a criança cria o hábito do exercício e depois pratica um esporte, se sente responsável por ela mesma e pelo time. Não fica na balada até tarde e não vai usar droga, porque sabe que isso vai prejudicá-la e, por tabela, à equipe dela também", explica.
Concentrado
Quem não tem na família uma criança que vive no mundo da lua? Ela pode ser "trazida" à Terra de uma maneira simples: fazendo esporte. O mesmo vale para criança com déficit de atenção ou hiperatividade. Também nesses casos, é fundamental ela escolher a modalidade. Enquanto aprende exercícios e regras de jogos e brincadeiras, exercita a concentração. "Ela tem de estar focada, se quiser fazer um gol ou uma cesta", explica José Luís. Se a criança escolhe um esporte e, depois de um mês, quer trocar, os pais devem insistir para que continue por pelo menos um semestre. "Essa questão sempre aparece no meu consultório, e sempre explico aos pais que é saudável o filho experimentar esportes diferentes, mas tem de ficar, pelo menos, uns seis meses praticando cada um", afirma Ceres. Depois desse período, poderá trocar, até porque o ideal é que ela conheça várias modalidades, para encontrar a de que mais gosta. Mas não pode trocar toda hora, pois não haverá tempo suficiente para aprender um pouco da atividade e exercitar sua capacidade de concentração.
Feliz
É assim que seu filho vai se sentir ao praticar um exercício ou esporte regularmente. A atividade física propriamente dita já produz o efeito de deixar a pessoa mais relaxada e com sensação de bem-estar. Seja porque consegue ser bem-sucedida, seja simplesmente por ter a oportunidade de extravasar sua energia. O esporte também deixa seu filho mais feliz, porque ele passa a ter companhia. "Atualmente, muitos são filhos únicos, o que faz com que fiquem muito sozinhos", afirma José Luís. E mais, a atividade física pode ajudar a resgatar o convívio dos pais com os filhos. Como, normalmente, pai e mãe trabalham fora e nos fins de semana estão cansados, muitas vezes não desenvolvem o hábito de ir a parques e praças nos dias de folga para brincar com as crianças. Quando o filho começa a fazer um esporte, muitas vezes convida o pai para jogar bola ou ir nadar. Essas atividades familiares são importantes para o desenvolvimento da criança e a deixam mais feliz, por conviver mais tempo com o pai e a mãe.
Extraído da Revista Crescer, abril/2007
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