quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Gastando tempo com os filhos – O bom uso da televisão

Mannoun Chimelli

A televisão como qualquer objeto é indiferente, seu uso indiscriminado é que pode ser complicado para o plano educativo.
Os meios de comunicação de massa exercem um grande poder na formação das crianças, sobretudo o rádio e a televisão.

A televisão é um meio incomparável de informação, formação, transformação, pois é um dos meios mais acessíveis e envolventes. Concilia imagem e som e fornece a mensagem de forma atraente, agradável, dispensa esforço pessoal, e cativa, fortemente, adultos e crianças. É é exatamente aí que reside seu perigo. A TV é somente um objeto e muitas vezes recebe maior atenção que o próprio ser humano, pelo facínio que exerce sobre os próprios indivíduos.

A TV precisa ser tratada como um serviço ao homem e não como um escravizador seu.

Assim como em casa só recebemos as pessoas amigas, podemos também selecionar os programas que a família vai ver.

É preciso ensinar as crianças o que serve e o que não serve, para que saibam escolher, mas isto exige tempo e atenção, coisa que os adultos em geral, não estão dispostos a fazer.

Uma pesquisa realizada por alunos da USP em 1990, que baseou sua amostragem nas quatro principais redes de TV nacionais entre as 08:00 da manhã e meia noite, indicou que ao final de uma semana, se teria assistido a:
- 1145 cenas de nudez
- 276 relações sexuais
- 72 palavrões
- 707 brigas e facadas
- 1940 tiros
(a semana amostrada foi 28/05 a 03/06/90 a pesquisa foi citada na reportagem Sexo e Violência na TV da Revista Veja).

Diante destes números que de lá para cá só tenderam a piorar, poderíamos argumentar que ninguém ficaria assistindo aos 4 canais simultâneos assistindo TV o período todo, mas somente 2 horas diárias diante da telinha já seriam suficiente para receber doses maciças de violência, pornografia dos anúncios, propagandas, programas, etc.

Qual seria o efeito de tudo isto na cabeça das crianças, adolescentes e jovens??
A contínua insistência da programação televisiva nos temas ligados à violência, seqüestros, terrorismo, vai pouco a pouco tornando as pessoas insensíveis e indiferentes ao sofrimento.

Contudo, se por um lado a TV:
traz informação,
torna acessível teatro, música e esportes,
faz companhia para idosos e doentes,
exercita a memória, desenvolve a atenção e pode também ser um auxiliar educativo,
Não podemos esquecer que:
limita a atividade física e a conseqüente passividade física e mental que impõe as crianças, e ao contrário do que se pensa, a televisão não estimula, mas reduz a capacidade imaginativa, por apresentar imagens já prontas;
faz de tudo para conseguir o que deseja, estimula “a lei do mais forte” e do “vale tudo”;
desperta o interesse pelo sexo de forma precoce e dissociada da visão do amor e do casamento;
estimula a sensibilidade superficial – emociona-se com o drama e esquece a vida real.
desenvolve a tendência para o menor esforço, enfraquecendo a vontade a capacidade de lutar por atingir as metas que a pessoa se propôs.
transforma o lazer numa atividade individual, solitária ao invés de ser um tempo destinado a comunicação e ao relacionamento com os outros.

Ideologias camufladas, mensagens subliminares, ataques formais ou disfarçados com ironia à moral, à família, a crenças e valores fundamentais, misturado com a pornografia, sordidez e falsa naturalidade são apresentadas em cenas chocantes, em chamadas nos horários nobres.
Segundo o professor Haim Grunspun da PUC –SP “ a televisão brasileira enveredou por um caminho que não está ligado a educação do povo, nela ninguém se preocupa com as crianças, com seu futuro sexual e com as gerações que se estão formando na frente do vídeo”.

O que fazer então??
Seguem algumas dicas:
- Nunca deixe a televisão ligada o tempo todo, ao contrário, mantenha habitualmente desligada, utilizando-a para assistir em família os programas selecionados, principalmente se as crianças forem pequenas;
- Selecione e marque com antecedência os programas, canais e horários que vale a pena assistir;
- Procure estar presente para orientar a utilização da televisão dos dos vídeos.
- Interprete filmes, novelas, programas, dando a verdadeira e honesta visão dos temas.

Assim, você estará formando no jovem o critério pessoal que eles precisarão futuramente para orientar a própria vida.

“A entrada da televisão nos lares, modificou hábitos, costumes e horários familiares, mas não é capaz de destruir seja o que for, se os pais não deixarem que o faça. É a atitude que os pais adotam perante dela, tornando-a um meio, um instrumento a seu serviço, e não o contrário, o que vai ditar a sua influência positiva ou negativa”.

J. de Alba, O tempo livre dos filhos, EUNSA, Pamplona, 1980.



Comunicação & Cultura

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