quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Responsabilidade em demasia para a criança cria adulto precoce
Os pais deixam os filhos mais soltos e eles acabam adquirindo responsabilidades incompatíveis com a idade


Nem sempre as famílias, principalmente as de classe baixa e média, possuem condições de deixar seus filhos com alguém, em uma escola ou creche. As crianças acabam sozinhas, tendo que cuidar uma das outras e também da casa, ou embarcam em uma jornada de trabalho junto com os pais. Esta responsabilidade se tornou um dos fatores para um fenômeno cada vez mais comum nos dias de hoje: as crianças estão amadurecendo mais rápido e acabam apresentando comportamento de adultos.
Idade Média – Para a doutora em Psicologia e coordenadora do núcleo de Análise de Comportamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Lídia Weber, o que acontece atualmente com as crianças se parece com um retorno à Idade Média. Nesse período, as crianças foram consideradas mini adultos imperfeitos. Somente no século XX a criança foi reconhecida em sua maneira de ser e com necessidades próprias. A psicóloga afirma que a mídia tem um papel importante no amadurecimento precoce da criança. Os programas infantis e as danças com modelos sexualizados, que aparecem na televisão, influenciam muito a vida da criança, inclusive na sexualidade.
Tempo de brincar – A psicóloga Mari Ângela Calderari, diretora da Clínica de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), acredita que a exposição à mídia exige outras respostas das crianças do que outras épocas. A criança é tratada como adulta e não tem base para responder tamanha responsabilidade. “As crianças deixam de fazer coisas essenciais, como brincar. É na brincadeira que se estrutura e entende a realidade do ponto de vista infantil”, diz. O tempo para brincar e se distrair dos problemas do mundo propicia a formação de uma base para enfrentar a realidade. “ Se ela não tem essa folga, precisa sempre buscar uma estrutura forte para enfrentar a realidade, o que não tem”.

Fonte: (O Estado do Paraná, p. 21, Joyce Carvalho – 28/08/05)

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